quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Paris: parada obrigatória

Greve, Piripaque Stadion, Árvore de Natal Gigante, jogador americano e taxi indesejado

Pra funcionários TAM aqui é parada obrigatória, porém e eba, até outubro, quando alçaremos vôo para Londres. Em Paris esnobei a amigos que, sinceramente era de fato obrigado a parar, isso porque essa é a terceira vez que visito a Cidade Luz e, principalmente, estava louco para encontrar a galera da comunidade do Orkut Copa 2006: eu vou, que marcaram encontro em Berlim, no Portão de Brandemburgo (“Luxemburgo”, apelidou o Zadinha). Só não fiz porque isso significaria quase uma centena de euros a mais. Fiquei, a contragosto, na capital francesa.

Passaporte novo estreado com carimbo e malas, frente e verso, pronto para ir para o Stade de France, que fica no sentido aeroporto – centro. Comemorei o fato de não ter que pagar 10 euros do trem – estava de greve –, só que na estação do palco da final da Copa de 98, simplesmente não abriu a porta. Já que foi assim decidi ir direto pro albergue descarregar malas e descansar. Não é que os trens estavam contra mim? O que peguei foi pra Saint Denis, parada do estádio. O erro meu se justificou, pois estava na plataforma correta, mas para saber qual das estações seria bastava ler no painel acima. Descobri tardiamente. E tomei outro baile mais adiante, tudo bem, faz parte do programa, ainda mais quando se considera minha aversão ao idioma napoleônico.

Nas ruas parisienses deparei com uma das tônicas dessa excursão européia: sol, e seco, que mata! Nunca pensei que fosse subir dos Trópicos para derreter no Hemisfério Norte. Para exemplificar lembro de uma francesa que andava poucos metros e borrifava um spray refrescante. Eu como não tinha spray fresco caminhava sob o peso das malas. Pronto, estava de frente ao Piripaque Stadion, aqui havia oito anos o mundo assistiu ao ataque de Ronaldo e o seguinte banho dos franceses nos brasileiros. Até hoje eles sacaneiam com “et un, et dos, et troux e et zéro” e até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu naquela tarde que justifique tamanha apatia canarinha. Sinceramente só tirei uma foto, comprei dois postais e não entrei na tour de 10 euros pois: a lembrança era quase mórbida, teria que esperar uma hora e o sol já estava torrando o cérebro, além do valor supra citado. Vazei.

Cheguei no albergue junto com dois argentinos, logo o assunto era futebol, Carlito Tévez, Seleções, enquanto na TV a Austrália fez três gols em poucos minutos e virou o marcador para 3x1 contra os nipônicos. Ê Zico zica! Feito check in, atravessei a rua, descolei uma refeição que tinha arroz esquisito e República Tcheca 3x0 Estados Unidos. De volta ao albergue, puxei papo com um argelino que explicava que o bairro onde estávamos (Clichy) era reduto argelino, mas que tinha que ter muitos “papéis” para conseguir permanência em solo francês. Depois tomei parte numa conversa de dois americanos, contrariando o escurinho que não acreditava na Seleção verde-e-amarela e demonstrava conhecimento de táticas: ele, Ben, joga futebol profissional e inclusive estava na Europa para testes, porém, teria que voltar, pois tudo estava parado devido à Copa do Mundo.

Era quase 21h, o dia ainda estava claro e descemos pra ver a estréia da Seleção da Pizza e da Macorranada contra os africanos de Gana: 2x0 Itália, mas é porque os adversários ainda são muito ingênuos na defesa e perderam muitos gols. Sugeri para o Ben, pós primeiro tempo, irmos ao centro, nos arredores da Torre Eiffel. Aceito. No metrô, em propaganda, Ronaldinho Gaúcho vendia café. Fora, a Torre sempre me impressiona por tamanho, forma e luz. Me ilumina e continua sendo o monumento preferido, de amor à primeira vista. Dessa vez, Ben chamou-me atenção para um fenômeno de banho de luz, como se fosse uma grande árvore de Natal, irradiando seu brilhante pisca-pisca. Fotos e filmagens deram uma pequena noção do showzinho. A amiga Giovanna, na véspera me lembrou que chegaria no dia dos namorados. “E você em Paris, hein Zé?”, brincou Gi, porém, faltou uma cia feminina. Dizer que estava com o simpático Ben será motivo de troça dos amigos que adoram me zuar. Na área da Torre comprei dezenas de mini-torres pra presente e uma grande, com botão de acender. Essa vai iluminar minha estante do quarto.

A volta foi um sarro: terceira vez aqui e ainda não me liguei que não se deve jogar o bilhete do metrô fora, sim usá-los pra sair de um embarque para outro, ou baldeação. Por isso a cada catraca que encontrávamos tínhamos que pulá-las... e foram várias. Se algum guarda nos parasse iríamos ver se francês iria engolir explicação em inglês... No albergue por volta de 1h, a notícia ruim do dia: meu vôo Orly – Berlim saía 6h30, cedíssimo e, para meu espanto e despreparo, as conduções da cidade só começariam a funcionar às 5h30 e é um tanto distante. Ou seja, táxi. Já os odeio em reais, em euros eu choro. Mas pago. Tive que pagar, pois não haveria outra alternativa. Dormi insuficientes três horas acordado pelo despertador do celular, às 4h30. Combinei o táxi, por volta de 40 Euros. O motorista não falava inglês, mas mostrou no digital do taxímetro o valor da facada. Olho no nascer-do-sol com taxímetro distraía meu caminho, num percurso de 30 minutos. Au revoir, Paris.

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