Cheguei no albergue junto com dois argentinos, logo o assunto era futebol, Carlito Tévez, Seleções, enquanto na TV a Austrália fez três gols em poucos minutos e virou o marcador para 3x1 contra os nipônicos. Ê Zico zica! Feito check in, atravessei a rua, descolei uma refeição que tinha arroz esquisito e República Tcheca 3x0 Estados Unidos. De volta ao albergue, puxei papo com um argelino que explicava que o bairro onde estávamos (Clichy) era reduto argelino, mas que tinha que ter muitos “papéis” para conseguir permanência em solo francês. Depois tomei parte numa conversa de dois americanos, contrariando o escurinho que não acreditava na Seleção verde-e-amarela e demonstrava conhecimento de táticas: ele, Ben, joga futebol profissional e inclusive estava na Europa para testes, porém, teria que voltar, pois tudo estava parado devido à Copa do Mundo.
Era quase 21h, o dia ainda estava claro e descemos pra ver a estréia da Seleção da Pizza e da Macorranada contra os africanos de Gana: 2x0 Itália, mas é porque os adversários ainda são muito ingênuos na defesa e perderam muitos gols. Sugeri para o Ben, pós primeiro tempo, irmos ao centro, nos arredores da Torre Eiffel. Aceito. No metrô, em propaganda, Ronaldinho Gaúcho vendia café. Fora, a Torre sempre me impressiona por tamanho, forma e luz. Me ilumina e continua sendo o monumento preferido, de amor à primeira vista. Dessa vez, Ben chamou-me atenção para um fenômeno de banho de luz, como se fosse uma grande árvore de Natal, irradiando seu brilhante pisca-pisca. Fotos e filmagens deram uma pequena noção do showzinho. A amiga Giovanna, na véspera me lembrou que chegaria no dia dos namorados. “E você em Paris, hein Zé?”, brincou Gi, porém, faltou uma cia feminina. Dizer que estava com o simpático Ben será motivo de troça dos amigos que adoram me zuar. Na área da Torre comprei dezenas de mini-torres pra presente e uma grande, com botão de acender. Essa vai iluminar minha estante do quarto.
A volta foi um sarro: terceira vez aqui e ainda não me liguei que não se deve jogar o bilhete do metrô fora, sim usá-los pra sair de um embarque para outro, ou baldeação. Por isso a cada catraca que encontrávamos tínhamos que pulá-las... e foram várias. Se algum guarda nos parasse iríamos ver se francês iria engolir explicação em inglês... No albergue por volta de 1h, a notícia ruim do dia: meu vôo Orly – Berlim saía 6h30, cedíssimo e, para meu espanto e despreparo, as conduções da cidade só começariam a funcionar às 5h30 e é um tanto distante. Ou seja, táxi. Já os odeio em reais, em euros eu choro. Mas pago. Tive que pagar, pois não haveria outra alternativa. Dormi insuficientes três horas acordado pelo despertador do celular, às 4h30. Combinei o táxi, por volta de 40 Euros. O motorista não falava inglês, mas mostrou no digital do taxímetro o valor da facada. Olho no nascer-do-sol com taxímetro distraía meu caminho, num percurso de 30 minutos. Au revoir, Paris.
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