sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Cataratas de Foz do Iguaçu

2003. Lado das Cataratas argentinas, em Puerto Iguazu, cidade de 28 mil habitantes e há 10 quilômetros do centro de IGU: imperdível! Foi cobrado 20 de transporte + 18 pela entrada no parque + 30 do passeio de barco. O transporte foi de ônibus, bem desconfortável por sinal. Não liguei, o motorista era uma piada. O argentino Juan Pablo, ao saber que só eu era brasileiro, me pegou pra Cristo. “Brasileño peligroso”, brincou. E falava mais que a boca: “Meu nome: pras chicas bonitas Tom Cruise e pros chicos feios, Drácula...” Além de tudo, era torcedor fanático do Boca Juniors, o atual campeão mundial. Carregava no ônibus uma bandeira azul e amarela do time e, freneticamente, desfraldava a toda cidade de Puerto Iguazu, onde nasceu. Imagina se esse chato de galocha não zoou todo torcedor do River Plate, grande rival do Boca, que perdera a final da Sulamericana pra um time inexpressivo do Peru, Cienciano, e com um jogador a mais. O marco da cidade é Três Fronteiras. Imagine um rio em forma de “T”, em que à direita está a Argentina (onde eu estava); à esquerda, minha pátria verde e amarela, do outro lado do Rio Iguaçu (representado pelo pé do “T”); e além do Rio Paraná (a trave superior do “T”), o Paraguai. Descrição feita com a colaboração do imã de geladeira comprado lá. Fui claro? Senão desenho, mostrando o imã.

Chegado ao Parque Nacional Puerto Iguazu, a maior reserva de floresta pluvial subtropical do mundo, que é dotado de invejável infra-estrutura. O transporte dentro do parque é feito através de trens, que conduzem a várias trilhas através de pontes sobre o rio Iguazu. Ainda bem que escolhi um dia de céu e sol intensos pra contemplá-las. Muito verde, passeando o divertimento era fotografar as borboletas. O Stefano (suíço) era tarado por elas. O objetivo era o mirante da “Garganta do Diabo”, a parte principal das Cataratas. De longe, já captamos o ensurdecedor barulho, a vista é de um monstro de água e fumaça de água – um mundo de águas à direita, esquerda e no horizonte! Junto às águas, pássaros produziam um balé soberbo. Os ventos traziam jatos de água, junto vinha o alivio que eles proporcionam. 275 quedas que oscilam entre 40 e 90 metros. O volume de água é tão grande que, ao cair, forma um vapor constante envolvendo a vegetação. Maravilhoso foi o efeito arco-íris. Ao vivo vi e na tela da minha máquina digital eu o transferi, falta imprimir a poesia visual de águas, verde, outras cores, brilho e emoção. Descendo por passarelas, várias perspectivas do já amplamente citado espetáculo. Munido de escada e guarda-chuva, um funcionário do parque tirava as fotos. Pois não é que eu tinha batido duas, e me sumiu a paisagem no visor digital da recém comprada máquina Sony... “Mas será que essa merdinha é tão sensível assim? Pronto, comprei ontem e já a estraguei, ferrou...”, me resignei. 15 minutos calado, quando, já longe das quedas, ativei o visor que desativara sem querer. O humor então assim voltou e pude, foto a foto, fazer um wonderfull waterfall flashback. Faltava o passeio de barco. 15 minutos emocionantes. O barco balança muito e é quase que engolido pelas gigantes e furiosas Cataratas. Sensação indescritível! Terminamos encharcados & maravilhados! A ducha natural serviu pra lavar, literalmente, a alma.

O tempo começou virar ao fim da tarde, ou foi só a gente (eu, o alemão Christopher, o suíço Stefano e a espanhola Tâmara), avistar o ônibus, a cerca de 50 metros, fechou o tempo e mais água. Dessa vez não era cascata, era temporal! Corremos e, os últimos, chegaram molhados e foram zoados pelos secos & sentados. Ai foi voltar pro Brasil. O Juan Pablo ainda aprontou uma comigo: recolheu os passaportes e meu RG pra passar na fronteira, ao devolver, colocou os documentos dos estrangeiros e nada do meu brasileiríssimo RG e o ônibus já tinha partido. “Cadê, argentino?” Tava escondido. Cheio de graça...

Unanimidade: o lado argentino é mais bonito, também maior: correspondente a ¾ das Cataratas. Doído pro orgulho brasileiro afirmar isso. No entanto, a disposição dos saltos – a maior parte deles voltados para o Brasil – permite ver todos a um só tempo apenas do lado brasileiro. Ou seja, é de lá que se vê o todo e se completa o pacote. Paga-se 11,40 pela entrada no parque. A exemplo do lado vizinho, vários mirantes. O ápice é uma passarela, onde o banho refrescante na alma está incluso. O arco-íris também é brasileiro. Retornei e vi que não havia mais trilha, escapando um sonoro e monossilábico “só???” Mas esse “só” não foi de decepção, o que vira compensou com sobras – estava plenamente satisfeito! Mesmo assim o barulho da quedas e a beleza sublime da vista me convidou para um derradeiro e feliz bizz. Também cá com meus pensamentos conclui que rodara o Brasil e deixei Foz do Iguaçu pra ser o (talvez) 50º destino. Tarde, mas o momento foi mágico e entra num canto restrito de paisagens de Deus. Privilégio ver.

Em matéria de Cataratas lembra-se das também imponentes Niágara Falls (na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá). A ex-primeira dama americana, Eleonor Roosevelt, ao ver Iguaçu, sentenciou: “Pobre Niágara.” Em épocas de cheia o volume das Cataratas sul-americanas são sete vezes maiores que a norte-americana, resultado do tamanho do rio Niágara com um trajeto de apenas 40 quilometro contra 750 do rio Iguaçu. Vendo as fotos notei uma peculiaridade entre ambas: Niágara é no meio da cidade quase; ao passo que Iguaçu é situado num parque dentro de uma imensa floresta da mata Atlântica.

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