quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Por quê escrevo?

2005. A primeira carta – texto – que redigi foi pra uma pretendente. Isso, cartinha de amor. Me inspirava e voava nas palavras. Percebi que começava uma afinidade com as letras. Durante um tempo pratiquei muito.

A segunda etapa redundou num livro. Tudo começou no fim 1996, quando fiz um intercâmbio em Londres. Em meio aos estudos de inglês, curti um fim de semana em Paris. Um amigo, Rodrigo de Porto Alegre, deu preciosas dicas sobre a Cidade Luz. Já no Brasil me senti no dever de agradecê-lo com “Crônicas de Paris”, uma coletânea de vivências na cidade, que distribuí para o gaúcho e outros amigos, recebendo elogios, inclusive.

Por ter ficado 40 dias e Londres e somente um fim de semana na capital francesa, quase que naturalmente nasceu “Londres abaixo de 0º”. Novamente reparti minhas experiências com amigos próximos. Daí em diante todo evento que acontecia em minha vida passava para o papel. Principalmente viagens, facilitadas, pois em 1997 entrei numa companhia aérea, TAM Linhas Aéreas, como atendente de reservas. Por ano escrevia três ou quatro cartas-viagens, mais outras variadas sobre aprender a dirigir, atendimento, fatos engraçados, futebol etc.

Um traço característico do meu estilo é o humor e um olhar atento aos detalhes de coisas aparentemente banais. Não me considero engraçado contanto um fato, diferente de quando passo para o papel. Sentia que me dava melhor com as palavras escritas às propriamente ditas. Numa noite de atendimento, no inicio de 2000, uma colega de trabalho, após ter lido algumas dessas cartas, disse: “Por quê não lança um livro? Eu compro.” De bate-pronto, me defendi: “Não! Quem sou eu?” Esse diálogo, inconscientemente, mexeu com minha idéias. Como conseqüência, reuni todos os textos e revisei-os. Ao longo de mais de três anos percebi que evolui bastante. Antes desconhecia virgulas e parágrafos, era uma bagunça só.

Um livro, antes um sonho distante, já era uma realidade próxima. Publiquei “Escrevivendo – carta/parágrafo/título” em dezembro de 2000. Um motivo de orgulho foi o fato do falecido Comandante Rolim Amaro ter prefaciado o livro. No último parágrafo escreveu: “Escrevivendo é leitura agradável destinada a informar e encantar.”

Um livro pessoal, em determinados momentos, até demais. Não dá pra se arrepender, para a época que vivia era o mais coerente. O trabalho alcançou o que eu esperava, ou seja, mais do que qualquer lucro material foi uma realização pessoal, um sonho impresso em papel.

Após a publicação, absorvi muitos comentários; criticas e elogios. Algo altamente positivo. Também passei a ler mais e com redobrada atenção. Meus favoritos são os cronistas Luis Fernando Veríssimo, Mario Prata e Carlos Heitor Cony.

Aos 28 anos sabia que escrever era uma necessidade, obviamente que isso influenciou na decisão de escolher um curso a seguir. Pendi entre letras e jornalismo. Optei pelo segundo por outra paixão: o futebol. Mais precisamente ser jornalista esportivo.

O começo não se revelou fácil. Os textos, a qual imprimia deboche e coloquialismos, precisavam se adequar aos lides enjaulados. Todo fato era um lide em potencial. Uma paranóia!, confesso que entrei em crise. Hoje, mais resolvido, entendo.

Por isso escrevo. E quero escrever mais, sem perder o bom humor e o estilo característico, mas também antenado com a profissão que escolhi e sempre empenhado em melhorar lendo muito e ouvindo profissionais da área.

É isso.

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