terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Ravel

Em Natal, 2001, por duas tardes, perdemos o descer do sol. Em João Pessoa, só de precaução, chegamos com considerável antecedência, na Marina do Jacaré, às margens do Rio Paraíba. Aguardamos munidos de água-de-coco em um bar. Neste recinto, uma proibição chamou-me a atenção: não é permitido o uso de bronzeador. Não entendi. Tentei entender, perguntando ao garçom, desinformado e esquecido de trazer-me um porquê. Expectativa à vista: contagem regressiva para o evento. Como em todo filme, havia um inimigo: as nuvens. Isto mesmo, elas, em cores escuras, ocultavam o grande herói sol. Esse, cansado, se preparava para o merecido descanso. Nos alto-falantes, a valsa “bolero” de Ravel, dava contornos cinematográficos ao épico natural. No desenrolar de sua (do sol) descida, o rio era riscado com luzes encantadoras; clicks de fotografias, na esperança que as nuvens se tocassem, assim nos permitindo delirar com o espetáculo de cores divinas. As preces foram ouvidas; seu sol brilhou mais que nunca; torrei meio filme buscando as melhores poses. No que posso me contentar: as fotos endossam o que tento com as palavras fazer. Dar uma noção do quanto a natureza emociona a quem dela depende e admira.

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