quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Chi-chi-chi-lê-lê-lê

2004. Chi-chi-chi-lê-lê-lê, assim os torcedores saúdam a seleção chilena. Duas semanas atrás, num vôo Foz do Iguaçu/Curitiba, um grupo de adolescentes puxou o coro por farra. Esse é o título sobre esse país que, uma vez respira os ares da democracia, cresce a olhos vistos e, turisticamente é, ao lado de Buenos Aires, um destino muito atraente pra muitos brasileiros que se assustam com euros e dólares. Desembarcando em Santiago, algo inédito pra mim: CLAP CLAP CLAP. Palmas para o pouso (?!), as estendo para a capital e por extensão, para todo o Chile.

Tão logo entreguei o formulário da imigração, logo, dou de cara com um guichê de câmbio. Conselho da Luciana (amiga que visitou Santiago recentemente): “Se você tem 10.000 Pesos Chilenos, corte dois zeros e divida por dois. Ou, 5 Reais.” Na notinha da operação vi o câmbio: 1 Real corresponde a 185 Pesos, o que já inseri numa fórmula de excell no palm top.

Dinheiro trocado no bolso. Bolsa nas costas. Mapa da cidade na mão. E do lado de fora, um sol no céu. Cerca de trinta minutos até o centro, no buso centropuerto. Daqui pra baixo os tópicos sobre os quase quatro dias em Santiago. Pode até, se preferir, escolher e ler o assunto de maior interesse e descartar outros.

· Brasil
Para começar a rua do albergue ficava de esquina com a Calle Brasil. Andando mais uma quadra, Plaza Brasil. Quer dizer, o bairro todo é Barrio Brasil. Uma amiga especulou: “Isso graças ao Lula, né.” Não, o Companheiro não construiu o gigantismo do país, potência do continente e que conta com a fartura de craques do futebol para espalhar mais ainda a bandeira brazuca pelo continente e mundo.

No primeiro dia cansei de ver camisas verde-amarelas (uma era do Andréas Kisser, do Sepultura), goleada nas azuis e brancas da rival Argentina e batendo as vermelhas chilenas. Nos outros dias, a diferença diminuiu senão empatou: muitas camisas do Boca Juniors – melhor time do continente. É claro que se deve levar em conta, além proximidade geográfica argentina, o idioma.

A primeira refeição teve trilha sonora especial: “Bwuna, Bwuna (...) Adeus sarjeta. Bwuna me chamou. Não quero gorjeta. Faça tudo por amor.” Música da dinossaura do rock, Rita Lee, que trouxe bem-estar e fez a comida descer leve, leve. Devo confessar que se tem uma coisa que me faz cantar a plenos pulmões, é quando estou no exterior e toca música brasileira. A pronúncia português sai com gosto e orgulho.

Pra finalizar, dia 20, a notícia do dia, via site da gazeta esportiva: Ronaldinho Gaúcho é o melhor jogador da FIFA. Dia seguinte, sua foto era destaque num dos principais jornais local, o La Tercera.

· Albergues
La Casa Roja. Endereço: Agustinas 2113 - Barrio Brasil, 10 minutos da estação do metrô Los Héroes. Prédio vermelho e antigo, pedindo umas mãos de tinta. Esperava encontrar funcionários chilenos, mas me deparei com uma torre de babel: dono australiano, mais recepcionas alemã, suíça, americano e um outro com a camisa da África do Sul. A alemã me atendeu e a suíça me levou até o quarto, no segundo andar. Antes passei por um cachorro enorme, deitado no sofá da sala, como se fosse o dono do pedaço.

Ao entrar no quarto: “What a big mess!”, verbalizou a suiça o que meus olhos constataram: no chão, três pilhas de roupas e badulaques dos mocheleiros. Disse também, porém, como se fosse a coisa mais normal do mundo. É bom que se deixe claro que só deixaram desse jeito porque não há armário no quarto. Sou bagunceiro, mas aquilo foi demais.

Só não pedi reembolso (paguei três dias antecipados), pois dentro de mim havia um lema positivo de “nem tudo é como parece ser”, que encontraria amigos e relevaria à estadia a um plano bem inferior. Nada, atmosfera é tudo, e ela não conspirava a favor. Primeiro albergue em que pago café da manhã. Até uma vantagem se virava contra: os vinte minutos diários de Internet grátis, mas também, os teclados eram precaríssimos.

Quando perguntei ao recepcionista americano se poderia pedir devolução e ele fez com os ombros “no problem”, fiquei felicíssimo. Rapidinho fiz as malas e fui para um outro albergue, ruas próximas, a qual já tinha sondado valores e condições. Tanta felicidade que já nas ruas, de havaianas, dei por falta de meu par de tênis; estava debaixo da cama...

Esse é credenciadíssimo do Hostelling International. Endereço: Cienfuegos 151. Também na estação do metrô Los Héroes, a quatro quadras da Alameda Libertador Bernardo O’Higgins, que corta a cidade de ponta a ponta. Comparado com o outro, R$ 8 a mais. Compensa com sobras em estrutura: dois micros disponíveis pra Internet grátis, quartos para só quatro pessoas com armários espaçosos, limpinho e acolhedor. De igual ao anterior, só o fato de necessitar pagar o café.

Assim que voltei do centro, na Internet, já puxei papo com uma garota com a camisa do Brasil, mas que de maneira alguma era minha conterrânea: procedia de Londres – também não tinha cara de européia?! Filha de indiana com africano, bem exótica. Super simpática, já me convidou pra beber com a galera do albergue.

Num hipotético placar contra o outro, apontaria uns impiedosos 6 x 1 para o Hostelling International, o primeiro só leva vantagem no valor.

· Passeios ao centro e Cerro de San Cristobal
Falando em havaianas, elas, fashion, graças ao comercial da Naomi Campbel e a top-model brasileira, Fernanda Tavares da MTV, rodaram bem pelo centro. Dos enormes prédios do poder político, La Moneda à ampla Plaza de Armas, onde outrora foi casa de Pedro Valdivia, fundador da cidade. Onde se destacam uma igreja catedral, correio central, prefeitura de Santiago, um bar no meio da praça cercado por divisórias de meio metro, artistas de ruas, pintores, ambulantes, eventos e muitos passantes. É o coração da cidade, senti bater. Ainda mais em época de Natal, quando as ruas se enfeitam com os adornos habituais.

Cerro, que porra é isso? Em Santiago, como pontos de interesses, tem vários deles. A principio imaginei ser um mercado. Nada, é um monte com vista privilegiada. Pra chegar ao mais famoso deles, o Cerro San Cristobal, grande protetor da cidade, recebendo a estátua de Virgem Imaculada Concepción ao alto do monte. Está localizado dentro de um parque, meia hora caminhando desde a Plaza de Armas. Ao chegar lá, a curiosidade era o funicular, espécie de bonde utilizado em subidas íngremes, mas ia demorar e preferi subir de van. Deste cerro se tem a vista mais privilegiada da capital chilena.

Paguei pelo teleférico que leva até um bairro residencial, devo ter circulado uma meia hora. No começo, sozinho, dentro do vagãozinho, me senti o “folgado”: sentei com as pernas apoiadas no outro banco. Quando ele parte, dá uns trancos e tremidas, olhei pra baixo e confesso que bateu um leve medo: “E se esse ‘trem’ resolve cair comigo?”, pensei. Bobagem, foi que foi e a vista é preciosa!

Pra descer o tal do funicular, já pago, encrencou e não teve acordo, não poderia aguardar uma hora pra ser restabelecido. Desci de táxi. Em Viña del Mar e Valparaíso também não deram certo esse transporte. Zica mesmo!

· Gringos
O primeiro que conheci foi um alemão, Mark, no restaurante Vaca Gorda. Como já tinha o visto no La Roja, pedi pra sentar na mesma mesa. Conversa vai e vem, descobri que o drama dele era alterar o vôo, pela TAM, do dia 24 para o dia 23. Em férias, dei uma consulta, diria: “Você tem que checar se há disponibilidade na mesma classe e, certamente, terá que pagar de taxa de remarcação cerca de US$ 100,00.” Arruinei o dia do alemão. “Tudo isso? Que absurdo!”
Recomendei consultar pelo nosso serviço de chat, até ia com ele pra auxiliá-lo, mas disse que não precisava. Esquisito ele!, então que pague e traga assim, mais lucro pra empresa. Outra divergência com o Mark: quando veio a conta, o garçom perguntou se poderia incluir a propina (gorjeta) no cartão de crédito: uns R$ 3. Como é opcional, o valor da conta estava acima do orçamento e porque propina me cheira corrupção, decretei: “No propina!” O garçom e o alemão, pelas expressões, desacreditaram. E eu com os ombros, “tô nem aí...”

Um uruguaio, Cristan, puxou conversa comigo num bar, na Plaza de Armas. Aqui a negócios e cheio de histórias. Falou sobre o tempo em que viveu em algumas fazendas de Minas, ele é veterinário. “Gosto de animais.” Conhecedor de todo o continente sul-americano, preferiria morar em Paramaribo, Trinidad Tobago, “não há as loucuras das grandes cidades”. Alertou para o crescimento do Chile, país que é bem menor que o Brasil, portanto com menos problemas. Inclusive, segundo o uruguaio, é o melhor lugar pra se fazer negócios, ele mesmo está se mudando para cá. Quanto o assunto foi mulher, foi polêmico: “Gostaria de ser polígamo como no Oriente Médio. Mas tem que ter um número impar de mulheres, para não haver discordância. E mulher não pode pensar muito, temos que pegar uma pedra bruta pra moldá-las.” Machista, não? Mas o Cristan foi super bacana e deixou um recado pra quando estiver visitando os lugares: “Não importa o local, sim as pessoas. Falar com gente, sentir suas necessidades.” Achei o profundo em sua semi-embriaguês. Depois me enchi do seu papo e fui andar...

Duas garotas do segundo albergue, coincidentemente, trajavam camisas da seleção brasileira. Uma já apresentei (a inglesa-indiana-africana). Já a outra, Cristine, americana, morou seis meses em Belo Horizonte. “Sou Galo [Atlético] desde criancinha”, garantiu convicta, num fluente português, aliás, ela adorou o Brasil.

Dois australianos, Jeremy e Esquecido (simplesmente esqueci o nome do carinha de Sidney). O outro era de Melbourne, segunda maior cidade australiana. Voltando da janta, dentro da praça, um deles cismou que queria se mostrar numa rampa de bike. Pediu então a bicicleta, bem menorzinha, emprestada de uns pivetes. Imaginei que fosse dar o show, fez nada demais. Já o Esquecido fez: tomou um tombo e alegrou a noite de todos! Bem feito. As holandesas eram bonitinhas, mas não peitudas como corre a fama delas. A Elke e a Caroline, ambas se conheceram em viagem. A Elke, na janta, ameaçou que ia tocar piano no restaurante, mas mesmo a pedidos, amarelou. Já a Caroline está chocada até agora: na praça surgiu um cão dobermann enorme, queria só brincar. Empolgou-se e, literalmente, encoxou a pobre da holandesa – cena dantesca! Quase chegou às vias de fato, com roupa e tudo. Sexo animaaaalllllll!!!!! Todos, mesmo aos risos, desacreditaram. Depois que ela se recuperou do trauma, agüentou as brincadeiras numa boa. Pena que não fotografei nem filmei.

“Puedes sacar una foto?”, pediu uma garota, em frente ao relógio de Viña del Mar. Tirei a foto, mas notei o leve sotaque da moça. “Você não é do Brasil?” Bingo, era. De Minas, sô. Vai ficar na categoria “gringos” por pura falta de outro tópico. Taciana era seu nome. Ela adorava perguntar, sempre queria reconfirmar uma informação dada, 100 metros depois. Irritava. Andei com ela de Viña até Valparaíso. De trem, como todo bom mineiro.

Físico, cidadania israelita, morou na Alemanha e nasceu em Bagdah. Esse era o tio Jamil. Quem conheceu tal figura foi a Taciana, no ônibus subindo para o museu do Pablo Neruda. Falava espanhol com ela e inglês comigo. Fofocou comigo que não gostou que a mineira quis sair do vídeo do Neruda na metade. Só ouvia, mas a mineira era chatinha mesmo. Outra queixa do judeu era que não pagaram a palestra que ele deu na Universidade do Chile. “Nem valor simbólico”, lamentou. Nas ladeiras de Valparaíso propôs uma cerveja. Segundo as leias chilenas, não se pode beber cerveja na rua, advertiu a advogada Taciana. O Jamil nem deu bola: tomamos a cerveja com uma vista – estarrecedora! – do Oceano Pacífico e casas tombadas pelo Patrimônio Histórico da Humanidade.

· Diferenças
Andando nas ruas centrais tem que ficar esperto. Isso porque o piso não tem o nosso rebaixo da calçada, ocorre, porém que nas extremidades passam carros. Achei curioso. As bancas de jornal (que não vendem cartões postais) são uns quiosquinhos bem pequenininhos.

Uma diferença que me afetou foi pra recarregar o palm top. O pino é só aquele de dois furinhos, diferente do “pino americano” retangular. Tive que comprar um adaptador.
O metrô é bem moderno, ali com o de São Paulo. Ambas com cerca de 50 quilômetros construídos, a diferença é que a população de SP é umas quatro vezes mais que a de Santiago. Outra vantagem nesse metrô são umas televisões digitais nas estações. Só não pergunte qual a programação.

Essa me ganhou: segurança. Praça Brasil, meia-noite e meia lotada. Feirinhas, bikers, outros tocavam violão, um casal se beijava tranqüilamente. Nós (as duas holandesas, os dois australianos, a americana e eu) fazíamos um picnic, na verdade compramos quatro cervejas e tomávamos sentados na grama. A mesma do cão tarado. Voltando na questão central, nem a pau que dá pra se fazer isso em São Paulo com o alto índice de criminalidade... eu, ao menos, nunca vi. Estou falando de Santiago, que é mais do que quatro vezes menor que Sampa, mas mesmo assim é uma cidade mundial. Coisa elogiável. E a Praça Brasil ficou de ironia... Utopia, lamentavelmente, que o “País Brasil” não seja assim.

· Comidas, bebidas e tempo
Pra comer me virei na base do pollo (frango) com arroz. O frango era só uma grande peça de coxa. Já comi melhores e piores. Também comi as parriladas e lomos, tipos de carne. Quanto ao nosso feijão, não constava no cardápio e nunca perguntei se tinha, aliás, nem sei como se fala em espanhol. Arroz é arroz mesmo. Tomei em cinco oportunidades a cerveja chilena Escudo. Não me convenceu.

Comprei um vinho chileno, Casilero del diablo, Merlot. Nome de meter medo. Pois chegada a noite de Natal, aqui no Brasil, a expectativa era grande pelo vinho importado. O amigo Fernando falou que se deve segurar embaixo da taça e mexer pra dar um barato. Bebi. Sem cerimônia, eu não gostei. O Gui disse que era forte. Fernando, Sérgio e Toninho gostaram. “É um vinho pra se beber com carne. É bem sofisticado”, teorizou o Fernando. Conclui que, por não ter gostado, não sou sofisticado.

Saí do Brasil com o rótulo das transmissões de futebol de que Santiago é a capital mais fria da América do Sul. Sim, mas no inverno. No verão, nos três dias que fiquei, sol bem quente e agradável. Sendo assim, o sobretudo e a blusa só fizeram peso. Se bem que poderia utilizar numa eventual ida às Cordilheiras dos Andes. Não fui.

Se na capital tá sol, com o mar de Viña del Mar, será o casamento perfeito: sol e mar, pensei. Deixei até uma bolsa, com as blusas e outras peças, no albergue, pra não carregar peso. Logo na rodoviária viñamarista, às 14h, surpresa: como venta no Pacifico, demais! Frio, me senti um panaca, outra invertida climática! Comprei blusa até, pois estava quase que insuportável. No decorrer do dia o céu abriu mais me fazendo pensar que no dia seguinte daria praia. Que isso!, li agora o que site diz sobre as águas do Pacifico: “A água fria do mar não esquenta nem no verão, devido à corrente que vem do pólo.” E mais: “Há neblina matinal nas praias de Viña del Mar. Mas não se desespere. Depois do almoço, o sol aparece” O site está certo, de fato o sol – viadinho – apareceu, mas eu havia de voltar pra Santiago.

· Gentilezas do povo
No geral não agradou. Alguns eventos chatos, nada de extraordinário, no entanto: na Plaza de Armas, pedi uma cerveja média. A garçonete trouxe uma grande. Não aceitei, pois era o dobro do preço. Ela retirou a garrafa, tampou a tampinha com um murro, fez uma cara de “fezes” e foi buscar a menor.

No metrô, comprei um bilhete ida-e-volta. Inseri o bilhete e a máquina não devolveu o da volta. O guarda, vendo, perguntou se eu tinha comprado mesmo ida-e-volta. Claro! O guarda foi ao guichê confirmar o que havia acontecido com o caixa, acabou achando melhor abrir a catraca e eu mesmo se entender com o caixa. Já cheguei argumentando firme que paguei bilhete duplo. Ele não falou nada, fez que não queria muita discussão e deu outro bilhete com cara de poucos amigos. Eu, heim, os caras batem cabeças!

Nas duas vezes que fui comprar cerveja (em Viña e antes do picnic) também um tratamento meio tosco, sem uma razoável boa vontade.

Mas obviamente há os bons exemplos: a tiazinha da pousada que fiquei em Viña del Mar recomendou com sinceridade: “Não confie em crianças, idosos ou chicas [garotas] bonitas. Mantenha os olhos abertos por aqui.” É, malandro, jacaré marcou virou bolsa...

· Pinochet

Todas as esquinas em que andava, imaginava como seria esse país em tempos duros da ditadura, há menos de quinze anos. Principalmente no prédio de La Moneda, onde choveram bombas em Santiago, no Golpe Militar do General Augusto Pinochet, que tomou o governo socialista de Salvador Allende, em 1973.

O autoritarismo de Pinochet deixou cerca de 3.000 mortos ou desaparecidos, entre eles chilenos e simpatizantes estrangeiros, durante a repressão que se instalou entre 73 e 90.

E hoje vovô Pinochet, aos 84 anos, covardemente, implora pra que lhe dêem tratamento de insano, pra só assim não pagar pelas atrocidades que cometeu. Ainda há 60 processos contra o general em cortes chilenas. Esta é uma Nação ainda dividida nas questões ideológicas e que ainda não superou os terríveis desdobramentos do golpe militar. Ainda há hoje aqueles que simpatizem com o General. “Ele nos salvou de um governo comunista e depois nos entregou ao regime democrático”, defendem muitos chilenos. Os iludidos.

· Chilenas
Decididamente se você, caçador, quer ir atrás de mulheres, não vá ao Chile. Elas são hor-ro-rí-ve-is! E que nenhuma delas me leia, por favor. As que apresentavam rostos mais ou menos, tinham corpos desconjuntados, muitas! Em Viña del Mar, os ventos do Pacifico, melhoraram um pouco meu achômetro.

No ônibus de Santiago a Viña del Mar, encarei uma morena firmemente, ela retribuiu, não tenho dúvidas disso. E nada de vir a coragem pra sentar ao lado, mandar bilhetinho etc. Estava ganhando tempo… Nesse jogo de troca de olhares, ela foi sentar lá no fundão. Xiiii… uma ducha de água fria em qualquer pretensão. Nunca saberei o que ela pensou e nunca esquecerei aquele olhar. Quando o buso chegou ao destino, uma tiazinha estava esperando por ela, que acenou. Vai ver que a melhor chilena que namorei – com os olhos – tem namorado. É um consolo – menina séria!

Em Viña, um entregador de legumes fez um carnaval tremendo – “uau!!!” – pra saudar uma chica de formas generosas. Aqui no Brasil então o que ele faria? Falando em traseiro, meu inglês não captou bem um papo dos australianos com a americana: mas parece que o Jeremy viu uma carioca que o tirou da órbita pelo resto da noite. “What a behind!!!”, exclamou babando.
No metrô, de frente a frente, duas gatinhas. Mas ainda assim insuficiente. O que me tornou critico em relação às chilenas foi ter passado mal em Porto Alegre, só gata tri-tetra-penta BOM & GOSTOSA!!! Inglaterra, França, Argentina, Paraguai e agora Chile. Em nenhum desses países que conheço, há mulheres como no nosso Brasil. Ainda que gosto seja extremamente pessoal – e sendo brasileiro, sou parcial – temos um paraíso feminino.

· Vinã del Mar e Valparaíso
Viña del Mar é um brinco do Pacífico. Amei essa jóia rara que pode ser considerada o Guarujá do Chile. Ainda que ao chegar o tempo não tivesse sorrido pra mim (ler “comidas, bebidas e tempo” acima). Charmosa demais e pelos carrões importados e lojas de grifes, tem grana! Um convite aos passeios e às compras. Indo pro Oceano, do lado esquerdo, os funiculares (outros que não me aceitaram…). Sem dúvida quero voltar pra andar mais nessas ruas agradáveis. Vinte minutos de trem ou micronibus e se chega em…

Valparaíso, cidade histórica. Grande parte, com seus casarões coloridos de dois e três andares, tombados pelo Patrimônio Histórico da Humanidade. Ou seja, prima do Pelourinho. Cidade de cais é também perigosa, drogas, prostituição e crime, não vi nada, mas uma meia dúzia pediu pra andar ligeiro.

O clichê vale: vir aqui e não subir até a casa de Pablo Neruda, não veio, definitivamente a Valparaíso. Chamada de La Sebastiana, tem cinco andares. O poeta famosíssimo mundialmente e Prêmio Nobel da Paz, decorou seu refúgio de veraneio a dedo: obras de artes, espelhos e mais dezenas de detalhezinhos. O resultado final é de profundo bom gosto. O que se enxerga de qualquer um dos andares faz de qualquer mortal um imortal das letras.

Obs: aos fotógrafos só é permitido mirar o horizonte, o Pacífico – o quê não é desprezível –, e as funcionárias viram feras àqueles que desejam clicar um alfinete que seja dentro da casa.

· Espanhol
O ponto mais enriquecedor desses quase quatro dias nos Andes, indubitavelmente, foi o espanhol que se encorpou um bocado e cada vez mais se distancia da muleta do portunhol. Considero que já passei da metade do caminho que compõe a estrada de idioma rumo á fluência.

Se inicialmente o castelhano falado soava árabe – normalíssimo –, no aeroporto santiaguino, a confiança me permitia pronunciar firme. Na véspera da partida, assisti televisão chilena e no último dia, devorei jornais chilenos.

Mais: fiz a descoberta do ano em matéria de idioma: os espanhóis - puta de uns preguiçosos - devoram o “s”! Esse par de orelhas grandes custou muito tempo para pescar o óbvio. A cisma começou com a palavra “Espanha” que é mais do que uma simples palavra, é a mãe da língua. Então, o “s” não sai e o “E” vem com força: Ê-panha. A gota d’água foi sentado na mesa de um restaurante, mais precisamente quando pedira uma cerveja e o garçom questionou: “Ê-cudo?” Antenado, notei a falta da letrinha; me senti o conquistador da América Espanhola. E pronto pra novas conquistas idiomáticas!

Claro que terei que ser menos vagabundo do que o inventor de línguas que assassinou o pobre do “s”, ou seja, sem preguiça: tenho que dar um gás no idioma para crescer ainda mais.

· Preços
Santiago não é tão caro, diria que está um tanto acima do que gasto em São Paulo, uns 10% se muito a mais. A exceção fica por conta de dois itens básicos: estadia nos albergues e refeições. No caso de estadia, deve ter sido dolarizado e quem sofre são os locais. Mesmo o albergue zoneado custou R$ 25, mais R$ 5 de café da manhã. O dobro do que paguei em Foz de Iguaçu (16), e lá tem piscina, gramado tapete etc. Pra almoçar paguei em média R$ 15. O equivalente aqui cairia pela metade, presumo.

Sobre transportes, bilhetes de metrô e corridas de ônibus estão na mesma faixa. São Paulo – Guarujá é equivalente a uma Santiago – Viña del Mar. E não me pareceu caro o ônibus centro – aeroporto, R$ 10, ida e volta.

Latinha de coca, na mesma proporção. Já a pechinha é por um produto genuinamente chileno: vinho. Paguei 15 Reais no Casilero del diablo, Merlot, o que custa 35 aqui. Só não comprei dois ou três porque a adega não aceitava cartão e estava com poucos Pesos.

· Despedida
Morri com P$ 390 (R$ 2,11), no saguão do aeroporto, uma simples coquinha saía pela bagatela de P$ 800 (4,32). Caçarola! Aeroporto é isso, inflação. O diabo é que estava com sede, troquei com um carioca mais o equivalente a R$ 5 e bebi a desejada coca.Nos ares, da janelinha do air bus da TAM, saquei preciosas fotos da Cordilheira dos Andes, misto flocos de neves e nuvens. Só vendo. Lembrando a cordilheira, a mineira disse que fez um passeio pra lá, em que se vai todo empacotado de roupas e se anda 3h30 pra ir e outras pra voltar. Deve ser louco, custou R$ 80.

Um comentário:

Joy Barreto disse...

NOOOSSAAA isso q é gostar de escrever, hauhauha
noossa gostei da forma como vc escreve... Mto legal seu texto (não li todos, pq eu não tava tão tão inspirada assim)HAuHAU

Bjooos se cuida viu