quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

I Brasil vs Argentina que eu joguei

Maio de 2005, Buenos Aires. Chegamos atrasados. Tempo de se trocar e entrar em campo. Frio siberiano pra jogar bola. Cumprimentei o Carlie, irmão do Estebán (amigo argentino) e os outros. Tirei uma foto com os dois irmãos sob protestos do Estebán: “Só depois do jogo, agora somos rivais.” Quando rolou a pelota procurei o ar. O primeiro gol foi uma pérola, ninguém entendeu. Os argentinos, muito menos. Eles nem comemoraram. Gordela, sozinho no arco, com a perna esquerda, à direita da trave esquerda, rola a bola mansamente para o gol espírita – ?!? – 1x0 para os porteños. O empata canarinho aconteceu numa combinação em que a bola sobrou limpa pra Cróbis, camisa de Tévez às costas, completar para o gol vazio. Desempatei com a colaboração do goleiro, o chute não saiu muito forte. Los hermanitos viraram para 3x2. Figueira, ao ver os rivais fazendo linha de passe no nosso terreiro, bradou: “Vocês vão deixar eles fazerem isso aqui? Eles estão adorando!” Um dos momentos chaves da partida foi quando o Cróbis levou uma bolada nos zóios e teve que sair. Maffei, o substituto, marcando, comprometeu devido ao seu tamanho e peso. No gol, ele deu a chamada ponte numa bomba adversária, pena que ninguém fotografou. A Val não conseguiu operar minha máquina. Outra do Gordito foi um arremate aos céus que derrubou pombas e, quase, acabou nossa brincadeira. Carlie, de spiderman, trepou na cerca e trouxa a bola a la cancha. Voltando ao jogo: a igualdade veio da defesa para o campo adversário. Giuliano Galeano, verde de raiva, de longe soltou um esquerdaço no ângulo...zooommm! Uma bala, até agora o goleiro está calculando a força da bola para pensar em ir ao inalcançável – inútil. Tão forte também foi meu grito de “golllllllllllllllllllllllaaaaaaaaaççççççoooooooooooooooooooooooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!” Os argentinos, fazendo se valer do fator casa, se impuseram e pularam a frente do placar, decretando um justo Argentina 5x3 Brasil. Na verdade seriam seis, se não fosse pela bondade alheia e do nosso goleiro: o Gordela fez um pênalti descarado, o atacante até esboçou um tímido “penal”, mas eles deixaram quietos; a peleja já estava ganha.

Na sessão “caça às bruxas”, elejo o Maffei: não levou nosso talismã, 10º elemento, o Muxiba. Pelo que eu conheci do Pelúcia, aposto que ficou no hotel torcendo: “Não me levaram, tomara que percam! Me chama de ‘meu amigo’, aquele gordo traidor! E se roncar de noite, vai dormir no box do banheiro?!” Perdemos, Maffei, culpa sua! Mas não é o único: o Dirceu também, treinador uma ova!, ficou bebendo e ainda acha bonito. Declarou ainda a este repórter: “Eu só vi um gol do Gordela contra e outro do Costa. O resto do tempo eu estava bebendo. Quanto foi o jogo mesmo?” Que instruções táticas ele deu? Ele me mandou – vê se pode – cortar o cabelo?! E por fim do roll dos acusados à guilhotina – EU – oras! O vagabundo fofoqueiro do meu amigo argentino trouxe uma foto minha do século passado – nem lembrava mais! –, trajando a camisa azul & branca deles... e pra explicar para os meus colegas que foi uma aposta que fiz e perdi, pra tirar a foto com a camisa argentina tive que comprar um tênis da loja e bibibi... O passado me condenou: pensam que me vendi para do lado de cá. A dona Valéria também tem culpa no cartório, pois o território era deles, mas a torcida – ela – é nossa, mas amarelou?! Se bem que a camisa amarela dela estava comigo (emprestada), e ela ainda reclamou, ao final do jogo, que estava fedida. Só se for o nariz dela! Sou pobre, mas sou limpinho!

Conclusões, personagens e lances... Sinceramente o idioma espanhol dos caras, jogando futebol, mais parece um dialeto. Até a mais simples pelota soa grego aos nossos ouvidos. Festival de firulas: Clóvis Frodo Bolseiro distribuiu um bonito sombrero no Daniel, “Prêmio Olé” pra ele. Foi o troco, pois esse mesmo líbero me aplicou um rolinho de frente, na ponta direita. Vexatório! O drible mais desconcertante de minha carreira, mas enfim acontece – sem prêmio então. O Figueira exaltou inclusive: “Caralho, Costa, deixou o cara fazer isso?!” O paga pau só faltou parar o jogo para cumprimentá-lo. Pelo que entendo de futebol, captei que os locais são mais táticos e apresentaram maior entrosamento. Já a gente, esbanjou mais técnica e arte, mas nem adiantou nos concentrarmos no hotel, pois o entrosamento foi quase nulo. A tabela da dupla de quarto e ataque C & C – Cróbis & Costa – ficou pra Fortaleza: local da revanche... e ao meio dia que quero ver argentino suar. Agora o destaque foi o excesso de cavalheirismo – o que foi aquilo se tratando de brazucas & argentos?! Muito limpo, quase não teve falta. Numa que não foi e a bola saiu para lateral, o Daniel quis dar falta pra gente. Recusei. Tanto fair play que até irritou, mas sinceramente o espírito do jogo fez o resultado parecer desimportante. Ao menos pra mim. Abaixo notas individuais.

O “Prêmio Cavallo” para o melhor no *pasto (?) foi para o palmeirense Giuliano, autor de um golaço – só um cavalo pra dar tal patada – e de uma atuação firme. Curiosamente ele foi o último a dar notas e se diminuiu: lhe deu uma nota 6, sua pior nota, mais de 1, 5 a menos que sua média, 7,57. Em seguida, juntinhos Cróbis e Figueira: 7,43. Eu venho logo a seguir, 6,93: dei trabalho, estava levando vantagem sobre a zaga, mas o arremate caia ora na esquerda, ora acertava a trave (uma vez). Também prendi a bola em excesso, reconheço e fui repreendido.

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