– Tomás, uma baré-cola no capricho. O André paga. Ganhei a aposta!
Era prática comum no bairro onde moravam, os meninos fazerem apostas. Principalmente jogos de futebol no campinho. Esforçavam-se ao máximo para triunfarem e, depois, saborearem uma tubaína no bar do Tomás. Fartavam-se de tanta gozação aos perdedores. Era a glória!
Laércio e André. Vizinhos e colegas de classe apostavam tudo: futebol, war, jogo de botão, vídeo-game Atari. Surgia alguma disputa no ar:
– Valendo uma tubaína? – E assim era.
Certo dia, presenciaram – inertes! – a chegada de uma aluna transferida. Lígia, 14 anos, morena, corpo desenhado a capricho, rostinho de boneca. Simplesmente uma “Deusa adolescente”. Ao final da aula, os dois entusiasmados, comentavam sobre o novo tesouro do momento. André, que sempre teve fama de conquistador, óbvio, se colocou em posição de ataque:
– Tenho que dar uns catos nesta mina! Ela é muito linda! – Babava.
– Muita areia pro seu caminhão, André. Vai com calma. – Desafiou Laércio.
– Você me conhece. Me garanto. Quer valer uma tubaína???
Pronto: a arenga estava feita. André tocou na palavra chave: TUBAÍNA.
Deste dia em diante, os lábios da doce Lígia se confundiam com a glorificada (e barata = R$ 0,50) tubaína. E neste caso, uma só era pouco, empenharam CINCO garrafas!
Romântico pra caramba...
De pronto, estabeleceu-se regras: duas semanas de prazo e, principalmente, no pátio do colégio. Para não restar dúvidas. Quem acreditaria num garganta como o André?
André não dormia mais. Precisava de uma estratégia de conquista eficiente. Afinal de contas, sua fama estava em jogo. Sem contar o tesouro, quer dizer, a tubaína. Primeiro, sentou próximo. Em seguida, fazer-se notar: fácil, ele, para os padrões femininos era um “gatinho”. Em três dias os dois já circulavam de mãos dadas pelos corredores.
Tudo ia bem para André. Laércio começava a acreditar que perderia essa disputa. Justificava aos outros – Pelo menos no futebol ganho todas.
A expectativa geral era sempre que chegava o recreio, a torcida – e um competidor em especial –, ficavam atentos aos movimentos do par. A qualquer momento poderia acontecer a cena, e ninguém queria perder.
Faltava, entretanto, o cheque-mate. Apesar da proximidade do mais novo casal da 8ªaB, ela era difícil. 10 dias e nada de beijo na boca. Nem selinho. Só inocentes estalos no rosto.
Para André, cada manhã conspirava contra. Até o dia em que:
– André, só beijo se você namorar comigo?
Ferrou...
10 anos depois...
– André, larga este jornal e vem limpar o cocô do Tubaína! Este cachorro tá impossível!
PS: “Pronto Socorro” também foi onde (quase) foi parar André no dia em que Lígia ficou sabendo do episódio da aposta: fraturou os dedos da mão no nariz dele.
– Onde já se viu apostar um beijo por uma tubaína? Que molecagem! Suma da minha frente já!
Felizmente, voltaram, e também, não fosse a tubaína, não teria matrimônio e nem o amado Tubaína, cão que representa a união do casal.
Agora é possível descobrir qual a bebida servida no buffet? Apostam uma tubaína?
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