quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

River vs Boca, no Monumental

Novembro/05
Opinião boquense – “A torcida do River não se compara a do Boca”, zombou o Estebán. Nada de novo, a impressão que passa é como as torcidas de Corinthians e São Paulo. Para o jogo do Monumental Danilo usou a camisa do Boca, Sérgio a do River e eu também galiña, com a preta de manga cumprida emprestada do Sérgio. Me dei bem e passei menos frio. O Estebán ficou puto: “Você não disse que era Boca, carajo?!” Fui, desenvergonhadamente, um puta de um bandeirinha.

Eles não param! – Como é difícil parar os táxis pretos com capota amarela – horríveis! Meia hora cansando a mão de acenar. Até que os bocós se convenceram que o mais sensato é voltar ao hotel e pedir por lá. Ufa!

TV e revistinha – Rumo ao Galiñero do River recebemos uma revistinha colorida com as escalações dos times. Um luxo! Outra grata surpresa é em cada pilastra da arquibancada um monitor colorido pra rever as jogadas. Mania de comparar tudo ao Brasil. Nesse caso sofremos. Televisão nos estádios tupiniquins ia levar uma pedrada por jogo, dado a falta de educação dos nossos torcedores gorilescos. Me parece que essa civilidade temos que aprender com os hermanos.

Papéis picados – Uns torcedores de trás rasgavam todas as revistas pra atirar. O River entra em campo. Só se vê papéis ao ar, bandeiras, cantos, emoção dos fanáticos torcedores. O argentino extravasa seu amor clubístico com mais paixão e intensidade que os daqui. Mulheres e crianças inclusive. Arrepia muito! A bem da verdade esse detalhe e outros valeram o ingresso, porque o jogo... arghhhh... afff... humpf!

Las hinchadas – A torcida do River quando pega é intensa, mas logo cansa e morre. Já a do Boca, meu amigo, só quatro mil e meio fizeram barulho suficiente pra calar 50 mil. Não me conformei! Tive raiva de onde estava, preferia tirar a camisa galinhesca, pisaria em cima e correria pro outro lado. Também tive medo do “ato falho”: por conhecer as musicas dos boquenses, balbuciava alguns trechos. Meu primo que me dava umas cotoveladas tipo “vai morrer aqui, Zé”. E se saí gol do Boca? Ia levantar pra comemorar...rs... aí nem Freud conseguiria explicar pros riveristas que aquilo é manifestação inconsciente, que a culpa não é minha. Mas enfim, soy Boca, estoy seguro!

Entre as músicas do River, havia uma em o ritmo da “Cidade Maravilhosa”. A do Boca também usa a marchinha do “mamãe eu quero”.Um plágio muito do criativo do consagrado carnaval carioca.

Intervalo – Improvisaram uma quadra reduzida no meio campo para homenagear o time argentino de futebol de salão para cegos, campeão mundial, acho. O alto falante pediu silêncio pois os jogadores se orientam pelo barulho do chocalho dentro da bola. Hilário um garotinho fazendo um educado “psiu” para o vendedor de amendoim. Mas quem calava os do Boca? Continuaram fazendo barulho por provocação mesmo. O alto falante insistiu para os simpatizantes do Boca se calarem – inútil – aí que o som e a indignação do time da casa aumentaram. Mas também quando o jogo dos cegos acabou a ovação foi de “bolivianos!!!” Engraçado ao mesmo tempo revoltante o preconceito argentino – pra ofender o rival ofende uma nação! Isso porque os bolivianos (bolitas) e paraguaios são os lixeiros, trabalhadores braçais. Como se alguém nesse país, continente e planeta fosse melhor que os branquinhos nazistas. Tenho asco de preconceito, sou até radical.Aburrido[1] – No avião um chileno usou esse adjetivo pra definir o que foi o jogo. A mesma do Ezequiel. Mais que isso a capa do Diário Olé: “pior que pegar mãe no tanque”. Completava que as mães – era dia das mães na Argentina – não mereciam um jogo tão feio. Nem o juiz deixou sair um vencedor, ao não dar dois penais pro River. Cinco linhas foi muito pra escrever sobre tal espetáculo.

[1] Chato, maçante, intragável. Se eu estou aburrido é porque estou chateado.

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