quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Halloween

2003. Halloween - ou Dia das Bruxas - ganhou força nas principais metrópoles do País. A festa de origem americana se difundiu entre os jovens de classe média através dos cursos de inglês e agora já é adotada por escolas, bares e clubes. Tanto que as comemorações, antes restritas ao tradicional dia 31 de outubro, foram estendidas para todo o mês. Segundo o especialista em folclore, Américo Pelegrino, o Halloween não é uma festa espontânea para o brasileiro. "Nós não temos essa tradição, que em minha opinião foi motivada pela mídia ", conclui.

A decoração feita no call center da TAM para o Dia das Bruxas foi elogiável. Um espetáculo visual!, quem teve a iniciativa e quem organizou está de parabéns! E teve também concurso para escolher os melhores trajes, máscaras, maquiagens etc!

Ano passado teve também, mas não presenciei, pois estava em férias, em São Luis do Maranhão. Pelas fotos imagino que tenha sido bem legal também. Todos lembram das fantasias dos atendentes Zeca, Marcio Yamashiro, Jonny etc. Esse ano, até pela saída dos infants, teve uma repercussão menor.

E aonde quero chegar?

Como diz os parágrafos acima, é festa de americano! No entanto, como pode a mídia influenciar tanto nós, pobres países do terceiro mundo?! Será que sempre temos que pagar um pau pros Yanques?!?! Consumimos desenfreadamente filmes e astros hollywoodianos, Mc Donalds, expressões em inglês por todo canto etc e etc. Até quando essa bajulação e auto-humilhação?

E o nosso rico folclore regional? Por exemplo, a mula sem cabeça. Se pararmos pra pensar, mula sem cabeça somos nós, ou melhor, “mulas sem cultura”. Na verdade temos cultura, mas abdicamos dela influenciados pelo país do Tio Sam, o que é bem pior.

Passou essa semana no SP-TV uma reportagem sobre “O Dia do Sacy”, em uma cidade do interior paulista em detrimento ao Dia das Bruxas. Em escolas, as crianças aprendem desde cedo a cultivar algo só nosso. Esse é o exemplo a ser seguido.

Quem lê isso deve enxergar-me como um militante do PSTU, PC do B, PT (do Lula sindicalista e da Heloisa Helena), enfim um esquerdista radical. Nada, sou light pra caramba, uso até termos em inglês e tenho discussões homéricas com meu vizinho, que é membro do PC do B. De acordo com ele, não sou boy, mas tenho tendências capitalistas.

Não precisa ser um Che Guevara ou um vizinho comunista pra ver que valorizar esse evento é uma agressão a um país soberano. É ratificar ainda mais a hegemonia ideológica dos Senhores da Guerra do Tio Bush, além do massacrante poderio econômico e bélico.

Já não basta a ALCA que temos que sentar e dialogar bem pianinho, pois a Águia americana é arrogante e protecionista contra o pintinho amarelinho brasileiro que até quer peitar, mas quem dão as cartas são eles. É a lei da selva, a lei do mais forte, tendo que ter cuidado pra não acabar isolado do mercado.

Não me fantasiar foi, de certa forma. dizer “não” aos Estados Unidos e dizer “sim” ao Brasil. Portanto, não bato palmas pro Halloween americano! Aliás, falando em palmas, meu amigo comunista fez “vivas” ao saber da minha posição. “É isso ai, Zé. Você ainda tem jeito! Ainda vamos fazer uma revolução nesse país contra a elite podre.” Menos, bem menos! Mas concordamos em alguma coisa, afinal.

Por quê não refletir que, coletivamente, ainda podemos olhar mais pro próprio umbigo? Será que isso é utopia? Deixem os norte-americanos lá, pensando que o mundo são só eles, em que em ficção o presidente da nação, pilota avião e salva o mundo.

No Dia das Bruxas, fui o líder “do contra”. Até atendi minha chefe e coloquei uma gravata com abóbora, mas em seguida a retirei por não me sentir bem. Ao invés de fantasia, a camisa vermelha da TAM, empresa que saúda os passageiros abordo com a seguinte mensagem: “Uma empresa que tem orgulho de ser brasileira”. Pois sou como a TAM.
Sou brasileiro. Sou sonhador. E acima, fui chato também.

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